segunda-feira, 23 de julho de 2007

Dez aterrissagens e decolagens em 25 dias!!!

Aqui os textos serão escritos no formato diário mas, na verdade, o máximo que escrevi durante nossas jornadas andinas foram uns emails para alguns amigos e alguns tópicos em meu caderninho para lembrar depois. Meu cérebro e meus sentimentos se recusavam a passar um tempo maior concentrados em escrever textos maiores durante a viagem, ambos queriam mergulhar fundo no cotidiano latinoamericano para depois levá-lo como bagagem para toda a vida e poder compartilhá-lo melhor com os amigos. Por isso, os textos já foram "paridos" em Brasília, a cerca de 1000 metros de altitude, mas com uma lembrança indelével e saudosa (apesar do ar rarefeito) dos cerca de 4000 metros de vários lugares por onde passamos. Pena que certas experiências e emoções as palavras não conseguem traduzir com perfeição, sejam elas em português, espanhol, quechua ou aymará...mas ouso, mesmo assim, contar um pouco do que vivemos nesse espaço virtual.

Durante a viagem, lembrei-me muito do filme "Diários de Motocicleta", que conta a história da viagem de Che Guevara e seu amigo, Alberto Granado, ainda bem jovens, pela América do Sul. Porém, em vez de uma velha moto, utilizamos os mais variados meios de transporte (ainda bem!) para conhecer um pouco de Bolívia e Peru: avião, avioneta, barco, balsa, trem, ônibus de dois andares, ônibus jardineira, táxi... No meu caso, usei também bicicleta-táxi para passar a fronteira Peru-Bolívia já retornando ao Brasil, mas isso ainda contarei num dos "capítulos" dessas narrativas todas. Contabilizamos 10 decolagens e aterrissagens, incluindo o do aviãozinho que fez o sobrevôo nas linhas e desenhos do deserto de Nasca. Nada mal para quem não é muito fã de avião como eu, ehehhehe.

Dormimos em 10 diferentes camas. Experimentamos um sem número de iguarias dos dois países (e ainda queria ter provado mais sabores, mas não deu tempo!) e também de águas saborizadas e refrigerantes coloridos de pêssego, abacaxi, mamão papaya e outros tantos, entre as quais a famosa Inca Kola que, dizem, é feito de erva luísa mas tem gosto de chiclete de tutti-frutti e virou minha bebida predileta durante a viagem. Aprendemos bastante sobre a história de civilizações incaicas, pré-incaicas e outras culturas visitando ruínas, cemitérios, cidades, vilas e povoados. A intensa e rica diversidade cultural foi uma das marcas registradas de nossa viagem.
Fotos: Eu mesma.

Minhas saudades são eternas como a neve das cordilheiras...


Finalmente, um ano depois, começo a organizar num blog pequenos textos que narram a inesquecível viagem que eu e Humberto fizemos ao Peru e Bolívia. O nome do blog, "Nas Asas dos Condores", é uma referência poética aos diversos veículos de transporte que tomamos para conhecer aqueles pagos. Utilizamos os mais variados "Condores" para dar vazão às nossas "Asas" sedentas por conhecer bem de perto um pedaço da realidade da América Latina. Confesso que essa viagem foi a melhor, a mais bonita e a mais interessante que fiz até hoje, mesmo com os contratempos do soroche*. Depois dela, tive um baita desejo de conhecer mais a fundo nosso continente. Hoje, a saudade me bate forte, muito forte, acho que ela nunca passará: é eterna como a neve das cordilheiras dos Andes (isto é, se o aquecimento global não as derreter...).

Minha vontade é de carregar todos os amigos e toda a família comigo numa viagem dessas. Como isso é meio difícil, espero que vocês gostem de "viajar" em nossas "Asas" virtuais textuais. Elas são muito pouco diante do que vimos e vivenciamos lá, mas acho que já dá para ter uma idéia de como foi nossa aventura.

Para quem está planejando conhecer aqueles lados um dia, desde já vá colocando no mochilão coragem, coração e mente bem abertos para apreciar não apenas os cenários deslumbrantes, mas também descobrir belezas que nem sempre estão explícitas.

Sil
*Soroche é o mal das alturas.
Foto: Eu mesma